Comunicação Não-Violenta

Por Cintia Hoffmann em

Quando a gente fala de comunicação não-violenta significa que tem sim uma comunicação que é violenta. Uma comunicação que pode de fato ferir as pessoas e trazer o pior para os seus relacionamentos.

Ou seja, muitos dos padrões de comunicação já estabelecidos na sua vida podem contribuir para relacionamentos disfuncionais, mal-entendidos e frustração.

A “Comunicação Não-Violenta” (CNV) surge para oferecer conexões interpessoais “do fundo do coração”. A CNV ajuda você a se concentrar e ter uma atitude humana nas circunstâncias difíceis.

“A Comunicação Não-Violenta” (CNV) é uma forma de comunicação “que nos leva a nos entregarmos de coração.”

A CNV tem quatro componentes: “observação, sentimento, necessidades e pedido”. Para aplicar a CNV, é preciso que você trabalhe nestes quatro elementos. Observe o que está acontecendo. Partilhe como um evento faz você se sentir e fale sobre o que você necessita. Se você pedir algo a alguém, a sua solicitação precisa ser específica. Peça algo que a pessoa seja capaz de fazer. Não peça uma mudança de atitude ou algo abstrato do campo do subjetivo.

A CNV tem duas “partes” ou dimensões. Em uma delas, você expressa a si mesmo e sua realidade honestamente, trabalhando nos quatro componentes e na outra, você ouve o que a outra pessoa tem a dizer e responde com empatia, enquanto ambos trabalham as quatro partes constituintes da CNV.

A aplicação da comunicação não-violenta pode acontecer nos seus mais diversos relacionamentos, na família, no trabalho, em caso de conflitos sociais ou de grupo.

Os 4 componentes da Comunicação não-violenta

1. Observe sem avaliar

Separe a observação da “avaliação”. O que você percebe deve ser específico para um “tempo e contexto” específico. Evite usar palavras como “nunca” ou “sempre”, a menos que você as vincule a observações específicas, ou seja, em vez de usar tais palavras baseadas no tempo, cite o número de vezes que você observou determinado comportamento. E para ser mais eficaz em separar a avaliação da observação, pense bem naquilo que você pretende dizer a alguém e identifique qualquer avaliação que possa estar incorporada.

Por exemplo, você está observando que uma pessoa da sua equipe chegou atrasada ao trabalho. Ao invés de falar, Você sempre se atrasa, troque por “Nessa semana você chegou ontem e hoje 15 minutos atrasada ao trabalho”.

Sobre este tópico, te convido a assistir este vídeo aqui:

                     

2. Identifique e expresse o seu sentimento

Identificar um sentimento é valioso, mas parece que a maioria das pessoas não têm muito interesse no desenvolvimento desta percepção, e é comum você também não saber o que as pessoas estão sentindo – mesmo sendo pessoas próximas a você. Para aprimorar a sua prática de identificar os sentimentos, faça uma distinção entre emoções e pensamentos. Se você ainda não é capaz de distinguir o que você sente do que você pensa sobre o que você é, talvez você precise se esforçar mais para identificar as suas emoções. Da mesma forma, se você disser algo do tipo “eu sinto que fulano…”, você provavelmente costuma intelectualizar as suas emoções ou apresentar uma avaliação na forma de um sentimento. 

“Primeiramente, observamos o que está de fato acontecendo numa situação: o que estamos vendo os outros dizerem ou fazerem que é enriquecedor ou não para a nossa vida?”

Algo que outra pessoa faz ou diz pode ser o “estímulo” para o que você sente, mas nunca é a causa dos seus sentimentos. Eles resultam de como você recebe as ações e declarações dos outros – o que é, na verdade, uma escolha que você faz em combinação com o que você necessita e espera naquele momento. Se alguém diz algo negativo para você, você tem quatro opções de resposta: você pode se culpar; você pode culpar os outros; você pode prestar atenção ao que está sentindo e necessitando; ou pode prestar atenção ao que os outros sentem e necessitam. Pensar nestas opções ajuda você a se dar conta do que está acontecendo, do que as pessoas estão sentindo e por quê. Este é um passo valioso para identificar as necessidades na raiz do que você e as outras pessoas sentem. 

3. Expresse as suas necessidades

A maioria das pessoas não tem experiência em identificar o que necessita. Você pode ter aprendido a criticar os outros quando as suas necessidades não são atendidas. Por exemplo, se você quer uma casa limpa e bem organizada, você pode repreender alguém da sua família por deixar uma peça de roupa fora do lugar sem nunca reconhecer a sua própria necessidade mais profunda por espaços arrumados. Isto acontece em conflitos de grande escala ou em desentendimentos corriqueiros. Em vez de identificar as suas próprias necessidades, as pessoas lançam acusações – rotulando os outros e suas ações.

“O que os outros fazem pode ser o estímulo para nossos sentimentos, mas não a causa.”

Você tem necessidades físicas, como comida e água. Mas você também tem necessidades de outras ordens, como, por exemplo, beleza, harmonia, tranquilidade. Algumas necessidades dizem respeito à autonomia e integridade, como poder escolher os seus valores ou criar sua visão. Outros nascem da interdependência, como o senso de comunidade, aceitação e valorização. Antes que alguém possa valorizar as suas necessidades, você deve primeiro reconhecê-las e valorizá-las.

Identificar as suas próprias necessidades é um passo importante em uma jornada maior de “libertação emocional”. Para você conseguir essa libertação, há três estágios principais: primeiro, você experimenta a “escravidão emocional”, quando se sente responsável pelo que os outros sentem. Em segundo lugar vem o “estágio ranzinza”, quando você rejeita esta responsabilidade. Você sabe do que não é responsável, mas ainda não sabe como responder ao que os outros sentem. No terceiro estágio, em que acontece a libertação emocional, você assume a responsabilidade por suas intenções e ações.

“Se não valorizarmos nossas necessidades, os outros também podem não valorizá-las.”

Pode ser que você tenha dificuldades em expressar seus sentimentos por medo de desapontar as pessoas. Se este for seu caso, recomendo a leitura desse artigo: A CORAGEM DE NÃO AGRADAR

4. Apresente o seu pedido

O quarto componente da CNV é o pedido, isto é, solicitar às outras pessoas aquilo que “enriquecerá a sua vida”. Então, utilize uma linguagem ativa quando fizer uma solicitação. Seja específico e positivo. E não peça às pessoas para deixarem de fazer algo, ao invés disso, peça ações positivas específicas. Por exemplo, não peça ao seu cônjuge para que ele ou ela não passe tanto tempo no trabalho, ou que não lhe trate de forma desrespeitosa, mas peça, em vez disso, que esteja disponível para um tempo mais íntimo ou olhe nos seus olhos e escute ativamente quando estiverem conversando.

Se você apenas expressar os seus sentimentos, o seu ouvinte pode não perceber o que você deseja ou se afinal você deseja alguma coisa. Então, ao fazer um pedido, expresse suas necessidades e sentimentos. Porque isso faz com que os pedidos pareçam menos como exigências. Além de solicitações pessoais de ações que atendam às suas necessidades, peça as pessoas que reflitam e se pronunciem sobre o que escutaram para confirmar se entenderam. E, se caso a pessoa não concordar com você, agradeça e tenha empatia.

Aliás, empatia é fundamental nos dias de hoje!
Assista a este vídeo sobre empatia, poderá lhe ajudar muito!

Coloque em prática

Aplique estes 4 princípios ao praticar a escuta ativa. Livre-se dos preconceitos, porque ao tentar criar empatia, esteja ciente dos padrões de comunicação que possam surgir, como a tentação de corrigir, educar, aconselhar ou consolar as pessoas. Não enverede pela “compreensão intelectual”. E, esteja atento aos sentimentos e necessidades dos outros. Então, repita o que você escutou, parafraseando o que foi dito. Se estiver certo, o outro vai confirmar e caso esteja errado, permita que o outro corrija você. Mas, quando alguém ficar em silêncio, busque os sentimentos e necessidades subjacentes. Por vezes, é disto que as pessoas mais precisam.

Para você se aprofundar ainda mais na Comunicação não-violenta, recomendo a leitura do livro: Comunicação não-violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais

Assista também ao vídeo exclusivo:


Cintia Hoffmann

Sou uma alma humana que encontrei no exercício da Psicóloga meu encanto. Meu propósito é ajudar pessoas a se ajudar! Trabalho com a Terapia Cognitivo Comportamental, que entende que o ser humano é afetado pela forma que ele interpreta os acontecimentos e não os acontecimentos em si. Ou seja: é a forma como cada pessoa vê, sente e pensa com relação à uma situação que causa desconforto, dor, incômodo, tristeza ou qualquer outra sensação negativa. Também possuo pós-graduação em Orientação Profissional, MBA e Mestrado em Gestão de Pessoas. Possuo certificação em Coach e em PNL. Além da área clínica, sou docente de psicologia em cursos de graduação e de pós-graduação.

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