O poder da empatia

Por Cintia Hoffmann em

Você já reparou como se está falando no poder da empatia ultimamente? Então, a empatia é “a arte de se colocar no lugar do outro” por meio da imaginação, compreendendo seus sentimentos e perspectivas e usando essa compreensão do mundo da outra pessoa para guiar as nossas próprias ações.

“A empatia pode gerar uma revolução. Não uma daquelas revoluções antiquadas, baseadas em novas leis, instituições ou governos, mas algo muito mais radical: uma revolução das relações humanas.”

Egoístas

Freud, Hobbes e outros grandes pensadores falam que nós somos seres egoístas e individualistas. Contudo, o estudo de neurocientistas, biólogos e psicólogos comprovam que nós não somos apenas isso, somos também Homo Empathicus, isso significa que o nosso cérebro está equipado com “circuitos da empatia”, prontos para serem ativados.

Em uma sociedade como a nossa, que passa por um momento de déficit de empatia, excesso de narcisismo e individualismo, é cada vez mais necessário sair do nosso próprio ego para nos conectar verdadeiramente com outros seres humanos.

Hábitos das pessoas empáticas

Pessoas altamente empáticas costumam apresentar seis hábitos:

  1. Acionam seu cérebro empático
  2. Dão o salto imaginativo
  3. Buscam aventuras experienciais
  4. Praticam a arte da conversação
  5. Viajam em sua poltrona
  6. Inspiram uma revolução

Calma que eu vou te explicar cada um desses hábitos:

Hábito 1 – Acionar o cérebro empático

Nós herdamos geneticamente a capacidade de sermos empáticos, mas também nós aprendemos essa habilidade com o passar da vida. O fato, é que todo ser humano possui um potencial empático latente, à espera de um estímulo. Nesse sentido, a descoberta dos neurônios-espelho foi muito importante.

Esses neurônios são ativados tanto quando estamos experimentando algo (como dor) como quando vemos outra pessoa passando pela mesma experiência. E além disso, é muito provável que os neurônios-espelho façam parte de um “circuito da empatia”, algo muito mais complexo, envolvendo diversas regiões do cérebro.

As pesquisas revelam que educar para a empatia ajuda no bem-estar das crianças e promove inteligência emocional e pode, inclusive, ajudar a solucionar conflitos nos mais diferentes contextos, como na família, na escola e nas empresas. Porém, como a maioria de nós não aprendeu sobre empatia na infância, podemos buscar outras formas de expandi-la.

É preciso adotar o hábito de acionar o cérebro empático: dar aos nossos circuitos empáticos a chance de vir à tona. Registrar mentalmente as vezes em que entramos em contato com pensamentos ou ações empáticas – nossas e dos outros – já é um bom começo.

O meu primeiro vídeo para o YouTube foi sobre Empatia, que conto uma história minha e totalmente real sobre isso, quer assistir? Acesse:

Hábito 2 – Dar o salto imaginativo

Agora me responda a uma pergunta que não quer calar: se a empatia traz tantos benefícios, por que ela não é uma prática constante do ser humano? Bem, existem quatro barreiras sociais e políticas que atrapalham esse processo:

  • Preconceito
  • Autoridade
  • Distância
  • Negação

Todos nós nutrimos uma gama de preconceitos, julgamentos, pressupostos sobre as outras pessoas. Ao fazer isso, desumanizamos e anulamos a individualidade, e isso gera indiferença.

Além de sermos preconceituosos, temos a tendência de obedecer à autoridade. Mas, essa ideia de “cumprir ordens” já foi desculpa para os crimes mais bárbaros da história. Pessoas altamente empáticas são justamente aquelas que não hesitam em desafiar a autoridade quando se faz necessário.

Em vez de se perguntar: ‘para onde posso ir da próxima vez?’

Pergunte: ‘no lugar de quem posso me pôr da próxima vez?’.

A distância espacial é mais uma barreira que impede a empatia. É mais difícil nos importarmos com quem está longe e com pessoas que não conhecemos. A distância social e a distância temporal também atrapalham. Pensar naqueles diferentes de nós, ou naqueles que viverão daqui a cem anos é um exercício para poucos. Estreitar todas essas distâncias consiste num grande desafio empático.

Por fim, a “cultura da negação” implica que “fazemos vista grossa” para a realidade, apesar de ela estar escancarada à nossa frente. Por vergonha, culpa, instinto de proteção, achamos melhor não ver. O primeiro passo é encarar essas quatro barreiras com coragem, para então conseguir superá-las, para conseguir humanizar o outro.

Regra de Ouro

Tenho certeza de que você já ouviu falar Regra de Ouro que diz: “Trate os outros como gostaria de ser tratado. Mas essa regra está totalmente equivocada, porque ela não dá conta de situações em que a cultura e a visão de mundo do outro divergem muito das nossas.

Seria preciso ir mais além, reformulando essa regra: Trate os outros como eles gostariam que você os tratasse.”

Deixo aqui pra você a sugestão de assistir esse vídeo aqui:

Hábito 3 – Buscar aventuras experienciais

Quem tem disposição para mergulhar em experiências empáticas acaba conseguindo se pôr no lugar do outro com mais facilidade. Claro, é algo mais difícil do que simplesmente ter uma conversa ou assistir a um filme, mas seu potencial é incrível

A “imersão, por exemplo, pode ser vista como a empatia sob disfarce. Há inúmeros exemplos ao longo da história, passando por São Francisco de Assis e George Orwell, para mencionar apenas dois empatistas famosos.

Trata-se de tentativas de transpor barreiras de classe, de raça, entre outras, desmascarando iniquidades sociais e funcionando como denúncia. A grande diferença é que esse tipo de denúncia se baseia na experiência e não em suposições ou teorias.

A “exploração” do mundo sob a forma de viagens também pode ampliar a visão empática. Porém, não basta viajar: é preciso ter em mente um projeto claro, que contribua para ampliar a visão de mundo do viajante.

Viajar, além da possibilidade de desenvolver empatia, traz inúmeros benefícios físicos e psicológicos

Por fim, a empatia experiencial também se desenvolve por meio da “cooperação”. Trabalhar em conjunto, com objetivos comuns e compartilhando experiências ajuda na fusão empática.

Hábito 4 – Praticar a arte da conversação

Estamos em meio a uma crise da conversação: falta qualidade às nossas conversas, falta qualidade das nossas escutas, e proliferam-se as conversas superficiais, muito em decorrência também das novas tecnologias. Mas é justamente a conversa que nos ajuda a penetrar no universo do outro, a conversa e a empatia caminham lado a lado.

As conversas de pessoas empáticas costumam apresentar curiosidade sobre a outra pessoa, inclusive curiosidade sobre pessoas estranhas para entender como elas enxergam o mundo, e uma conversa que seja rica, que vá além de superficialidades.

Pessoas empáticas também tem uma escuta ativa, que é ouvir o outro com atenção, não interromper seu pensamento, evitar preencher os silêncios ou completar as ideias e frases da outra pessoa. E para que a empatia se desenvolva, é necessário que caiam nossas máscaras. A empatia se faz na troca: ao se abrir com o outro, para que ele se sinta à vontade para se abrir também. Portanto, a conversação precisa ser uma via de mão dupla.

Outro ponto fundamental das conversas empáticas é a preocupação com o outro, quando as conversas são pautadas pela preocupação verdadeira com o outro, a empatia floresce de forma genuína.

Assista também este vídeo para te ajudar nessa questão:

Hábito 5 – Viajar em sua poltrona

Inúmeros filmes e livros ultrapassam as fronteiras das telas e das páginas impressas, podendo trazer à tona esse Homo empathicus que habita em nós. São oportunidades de entrar em contato com realidades que talvez jamais conhecêssemos por meio de experiências diretas. Dessa forma, as artes, como a literatura, o cinema, a fotografia, podem nos ajudar nessa tarefa de nos tornamos mais empáticos, por meio da adoção de perspectivas diferentes.

“Tornamo-nos mais interessados em compreender outras pessoas, em vez de meramente nos apiedarmos delas.”

Hábito 6 – Inspirar uma revolução

A empatia precisa sair do âmbito da vida privada e ganhar também a vida pública. É possível criar ondas de empatia coletiva, capazes de transformar a história. Pobreza, violência, desigualdade e degradação ambiental são alguns dos problemas atuais que podem ganhar muito com a criação de uma cultura da empatia.

Na história moderna do Ocidente, destacam-se três ondas de empatia.

A primeira ocorreu no século XVIII, quando despontaram na Europa as organizações humanitárias para combater as inúmeras atrocidades e violências cotidianas.

A segunda onda ocorreu na Segunda Guerra Mundial, quando o direito das minorias étnicas e religiosas se tornou uma questão. Além disso, a partir dos anos 1950, com o advento da televisão, as imagens da pobreza, da guerra e da miséria começaram a invadir os lares, sensibilizando o mundo todo.

A terceira onda de empatia começou nos anos 1990 e ainda está em curso. Entre outros desdobramentos, ela abrange a ideia de que as crianças devem aprender sobre empatia desde cedo, de que a empatia pode ajudar na solução de conflitos e no enfrentamento das questões climáticas.

A grande revolução acontecerá nas relações pessoais, e a empatia é um importante instrumento para isso. Ainda há um longo caminho pela frente e despertar empatia pelas gerações futuras parece um dos maiores desafios.

Para você se aprofundar ainda mais nesse universo da empatia, vou deixar algumas indicações de leitura:

O poder da empatia: A arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo

Empatia: Por que as pessoas empáticas serão os líderes do futuro?


Cintia Hoffmann

Sou uma alma humana que encontrei no exercício da Psicóloga meu encanto. Meu propósito é ajudar pessoas a se ajudar! Trabalho com a Terapia Cognitivo Comportamental, que entende que o ser humano é afetado pela forma que ele interpreta os acontecimentos e não os acontecimentos em si. Ou seja: é a forma como cada pessoa vê, sente e pensa com relação à uma situação que causa desconforto, dor, incômodo, tristeza ou qualquer outra sensação negativa. Também possuo pós-graduação em Orientação Profissional, MBA e Mestrado em Gestão de Pessoas. Possuo certificação em Coach e em PNL. Além da área clínica, sou docente de psicologia em cursos de graduação e de pós-graduação.

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